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O que é o Risky Play, afinal?

Viver é um risco. Brincar também.

Alguns pais já surtam só de pensar nisso. Querem proteger seus filhos dos riscos da vida, dos machucados, do sofrimento, das tristezas, a qualquer custo.

 

E entendemos, afinal de contas filhos são o que há de mais precioso na vida de um pai ou mãe.

Mas será que essa super proteção é realmente benéfica? 

Não! Não é. E a ciência prova e explica.

Atualmente já existe até mesmo um termo cunhado como "transtorno de déficit de risco" que explica características de crianças que sofrem com ambientes super protegidos sem risco.

 

A ausência de risco na vida das crianças subestima a capacidade delas em incontáveis aspectos físicos, cognitivos e emocionais e acaba resultando em crianças menos habilidosas, menos confiantes e menos responsáveis. A auto estima das crianças é profundamente abalada e o incremento de casos de depressão e ansiedade, além de inúmeros outros reflexos físicos negativos, são apenas alguns exemplos. 

Estima-se que o grau de exposição aos riscos que as crianças eram submetidas há 20 anos reduziu para menos de 50% e pesquisas indicam que as justificativas para isso não são fundamentadas em riscos reais. Medo de sequestros, plantas venenosas, animais peçonhentos e atropelamentos são algumas justificativas para que as crianças estejam cada vez mais emparedadas. No entanto os adultos não percebem que o emparedamento da infância é uma realidade muito mais danosa que os receios que a justificam.

Obesidade, depressão, ansiedade, doenças cardiovasculares, diabetes, colesterol, vício em telas, violências digitais, distúrbios de sono, irritabilidade e transtornos posturais são apenas alguns dos riscos que realmente existem e seguem aumentando em índices alarmantes com o emparedamento da infância.  

Pesquisas indicam que nos últimos 10 anos 1 em cada 6 crianças possuem novas patologias fisioterapêuticas que não eram sequer vistas em crianças até os anos 2000.

Corpos que não são desafiados não se desenvolvem. Mentes que não são frustradas na infância não se recuperam.

Os pais não querem seus filhos nem com joelhos ralados, o que dirá com um braço quebrado. Não aceitam sequer verem seus filhos entendiados e já se sentem culpados.

 

Porém ninguém ensina aos pais que dor, frustração e tédio faz parte da vida e do crescimento.

 

Entendemos (com base em muita pesquisa científica) que um joelho ralado ou um braço quebrado em alguma aventura infantil, se acolhidos com afeto geram muito aprendizado e resiliência. O que traumatiza não é a dor; é a solidão na dor. 

 

Ralar o joelho é importante para aprendermos que viver pode doer, mas que todas as dores passam, ainda mais quando há afeto. Quando a criança é exposta a machucados na infância e acolhida com afeto, ela aprende o poder do tempo. Aprende a esperar. E não se des-espera na vida adulta. 

Vivemos uma pandemia de ansiedade. 25% das crianças e mais de 30% dos adultos do mundo relatam sofrer com ansiedade e até mesmo crises de pânico. Desaprenderam - ou não aprenderam -  que o tempo tudo cura.

A criança que não rala o joelho na infância pode querer cometer suicídio ao se deparar com a dor da rejeição de um namorado na adolescência, pois não está acostumada a "sofrer". Como diriam os budistas: a dor é inevitável; o sofrimento é opcional. 

A ausência de risco na infância também causa desequilíbrio entre os sistemas do cortex pré-frontal, que controla nossos impulsos e o sistema límbico, que controla nossas emoções. Na adolescência a criança não exposta a um grau saudável de riscos poderá desenvolver aversão a qualquer situação de risco (seja não trocar de emprego ou de namorado por medo de não conseguir outro) ou o oposto, que é uma necessidade desequilibrada por situações de perigo, como "rachas de carros ilegais", drogas, situações ilícitas e esportes de aventura de alto risco. 

Antes que alguém diga que estamos pregamos algum tipo de violência ou que estamos dizendo para deixarem crianças em situações de perigo ou sem supervisão, volte algumas casas e leia tudo novamente. É exatamente o contrário do que estamos querendo dizer!!

Permitir que as crianças sejam expostas à risco calculados dá muito mais trabalho do que expor as crianças apenas a ambientes seguros. É preciso atenção, entendimento dos graus de riscos, das habilidades individuais de cada criança, perfil, histórico, experiência, dentre muitas outras coisas que apenas pais, escolas e cuidadores atenciosos e amorosos conseguem ter.   

Veja que a School International School Grounds Alliance - ISGA, em setembro de 2017, divulgou uma declaração, endossada por 38 organizações de 16 países e 6 continentes, na qual defende que “oportunidades de correr riscos são um componente essencial de espaços escolares voltados para o desenvolvimento integral da criança. Adultos e instituições têm a responsabilidade de usar o bom senso ao proporcionar e permitir às crianças e jovens atividades que envolvam assumir riscos". Desde lá tem se entendido que uma escola moderna deve ser tão segura quanto necessário e não tão segura quanto possível.

O fato é que os riscos calculados na brincadeira são comprovadamente eficientes para as crianças ficarem mais atentas, presentes, resilientes, concentradas, empáticas e aprimorarem suas capacidades de resolução de problemas, criatividade e outras capacidades sócio-emocionais fundamentais, especialmente em uma era de inteligência artificial em que nossos maiores trunfos serão nossas capacidades mais humanas.

 

E nossa sociedade está privando as crianças desse direito fundamental e precioso.

Acreditar nessa filosofia não significa que não temos todo o cuidado com a segurança dos nossos brinquedos!! Pelo contrário!! Há que se ter muita confiança em nossos projetos para termos a coragem de falar de riscos no brincar! 

 

Todos os nossos produtos são projetados por equipe composta por arquitetos, engenheiros mecânicos, engenheiros civis e designers industriais. Nossos projetos têm ART (anotação técnica de responsabilidade) e passam por três etapas de verificação de segurança, além de serem adequados às normas de playgrounds. Nossos brinquedos residenciais passam por testes anuais de certificadoras e têm selo do INMETRO.

Então, agora que você já sabe a importância dos riscos calculados na vida de uma criança, respira fundo, presta atenção e permita às crianças a seu redor a protagonizarem suas ações.

 

A infância é o único treinamento para a vida toda!

Daniela Kolb

​Sócia fundadora da Ebaplay

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